CONCRETO DÁ O TOM À CASA DE LILI BARBOZA
Vista da rua, a casa tem a aparência típica das construções modernistas: uma caixa de concreto. Ao atravessar o portão, a escada com degraus que parecem flutuar uns sobre os outros tem um quê da Farnsworth House, concebida por Mies van der Rohe em 1951, nos Estados Unidos. A referência traduz o apreço da moradora – a arquiteta Lili Barboza, que assina o projeto – pela obra desse mestre, entre outras referências.
O estilo de viver dela, do marido e das três filhas pequenas do casal mescla a estética do design e das obras de arte com sutilezas arquitetônicas identificadas somente por olhares bem atentos.
Autora do showroom da Minotti na capital paulista, considerado o melhor do mundo pelos proprietários da marca, além da B&B Italia Store São Paulo, Lili confessa que foi difícil projetar a própria residência. “Porque você adquire um rigor muito grande para atender aos clientes e se sente na responsabilidade de fazer o mesmo com a sua casa”, afirma ela, que contou com a ajuda do arquiteto Ricardo Bello Dias no décor.
Confessa admiradora dos projetos modernistas brasileiros, em especial do trabalho de Lina Bo Bardi, Lili pensou em uma casa de espaços amplos, arejados e bem-iluminados, implantada no terreno em que havia uma construção da década de 1940.
A proposta é surpreender. Quem entra no estar não percebe a sala de jantar integrada a esse ambiente. Ela fica no canto, após a extensa parede da lareira – estrutura inspirada no Pavilhão de Barcelona, de Mies van der Rohe.
Nesse amplo “L”, o olhar passeia por ambientes minimalistas. Na sala de estar, distribuem-se mesas laterais e luminárias de bronze antigas, side tables de coleção, móveis assinados por Isamu Noguchi, Jeffrey Bernett e Philippe Starck, entre outros, e o piano Steinway & Sons – herança de família de Lili, que toca o instrumento.
Como suporte para móveis e obras de arte, elegeu-se um único material: o limestone, visto no piso do térreo e em todas as paredes da casa. Suspensas a 1,5 cm do piso, elas criam harmonia visual com a área externa, que se integra ao interior quando as portas de correr de vidro, de mais de 3 m de largura, estão abertas. “Para dar uniformidade, os trilhos são embutidos no piso e no teto”, explica Lili, enfatizando que o recurso permite aproveitar o visual do jardim tropical sem interferência nenhuma.
A área verde, projetada pela paisagista Juliana Judoval, tem franca inspiração em Burle Marx, com espelho-d’água próximo ao muro que é também piscina.
O reaproveitamento dos materiais da antiga casa deu ao segundo andar, o das quatro suítes, amatéria-prima para o impactante piso de peroba-rosa em tons descoordenados. “Essa madeira estava acima do estuque do teto”, conta Lili. Uma ampla sala que leva aos quartos reúne a coleção de fotografias, com exemplares de Mario Cravo Neto, Pierre Verger e Ron Galella, entre outros.
Na parede que sustenta uma obra de Vik Muniz, a iluminação zenital garante a entrada da luz natural no ambiente sem janelas. Inspirado nos projetos do arquiteto japonês Tadao Ando, o recurso foi amplamente explorado na ala íntima. Só existem janelas nos dois quartos voltados para o jardim. Na suíte do casal, uma porta de correr de vidro leva a um terraço fechado, com um rasgo no teto que permite ver o céu até quando se toma banho. Assim, só se admiram a natureza e o belo. Esse detalhe revela o cuidado de se desenhar uma casa para o bem-viver.
fonte:Casa Vogue
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